Leishmaniose Visceral

Dra. Maria Inês Fernandes Pimentel

Chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas.

A leishmaniose visceral ou calazar tem um período de incubação variável, com média de 2 a 3 meses. Crianças e idosos são mais suscetíveis, mas a doença pode atingir qualquer faixa etária. No Brasil, os casos predominam na Região Nordeste; em mais de 50% atingem crianças menores de 10 anos, sendo que aproximadamente 40% são menores de cinco anos de idade. O sexo masculino é mais afetado (cerca de 60% dos casos brasileiros). Caracteriza-se clinicamente por febre, esplenomegalia com ou sem hepatomegalia, acompanhadas de pancitopenia e hiperglobulinemia. Os indivíduos afetados apresentam palidez devido à anemia. Na fase aguda inicial, o estado geral costuma estar preservado. São comuns tosse e diarreia, sem resposta ao uso de antimicrobianos. Uma pequena proporção de indivíduos nesta fase pode ter poucos sintomas, com regressão espontânea em cerca de 15 dias (forma oligossintomática). Entretanto, se não tratados, os indivíduos geralmente evoluem com febre irregular, emagrecimento e palidez progressivos, e aumento cada vez mais acentuado do baço. O estado geral se agrava progressivamente, evoluindo para febre contínua, desnutrição, e edema que pode evoluir para anasarca. Pode ocorrer icterícia. Nesta fase são comuns hemorragias e infecções diversas, que são as principais causas de óbito.